Crise financeira, distribuição de renda e reflação pelos salários
Resumo
A crise financeira iniciada no verão de 2007 levou a uma reavaliação das teorias econômicas. Enquanto, antes da crise, vários observadores julgavam que os economistas haviam, enfim, encontrado o meio de evitar as fortes flutuações econômicas e que as teorias macroeconômicas dominantes chegavam a um feliz consenso, a crise mostrou, ao contrário, que as opiniões dos economistas estavam mais do que nunca equivocadas. A crise intensificou o debate sobre o papel do Estado, em particular o debate sobre a legitimidade das políticas de reflação implementadas no final de 2008 e no início de 2009 em um grande número de países. O debate foi prolongado quando se percebeu que a crise era ainda mais grave do que se havia previsto, e que vários governos sofreram um aumento contínuo de sua relação dívida/PIB, devido à recessão e à queda de suas receitas fiscais. A crise também relançou o debate sobre o impacto da financeirização da economia, ou seja, o espaço cada vez mais importante adquirido pelos mercados financeiros liberados de verdadeiras imposições legislativas e de supervisão. A crise fez igualmente sobressair um fato que já havia sido identificado antes por certo número de pesquisadores, mas sem que o conjunto da sociedade tenha lhe dado muita atenção, a saber: que a parte salarial na renda nacional havia caído consideravelmente num grande número de países e que a distribuição de renda tornara-se mais desigual. Tudo isso, ao menos na América do Norte e em alguns outros países, foi acompanhado de um forte endividamento dos lares, fenômeno este que, assim como aquele do aumento das desigualdades, também foi observado justo antes da Grande Depressão dos anos 1930, dando assim um ar de déjà vu à presente crise. [CONTINUA]
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