Relações de poder e organização social no território: o que incide no curso de uma iniciativa de desenvolvimento territorial?

José Renato Sant’Anna Porto

Resumo


Apesar dos avanços acerca da chamada abordagem territorial do desenvolvimento, é possível perce­ber que tal enfoque ainda esbarra no desafio de lidar com a dimensão política intrínseca aos territórios. Atualmente, no curso das ações de desenvolvimento territorial, em especial das políticas públicas de abor­dagem territorial, pouca atenção é destinada a com­preender as questões atinentes às relações de poder. Nesse sentido, este artigo constitui-se como um esforço propositivo que pretende elucidar elementos para perspectivas analíticas que considerem a dimen­são política das iniciativas de desenvolvimento territo­rial. A proposta é que sejam levados em consideração não só as estratégias e as instituições, mas também o processo de interação relacional destas com o tecido social estabelecido entre os atores no território, consi­derando o impacto que a própria política territorial e seus instrumentos de gestão podem acarretar. Assim, a intenção central deste texto é estabelecer diálogos e conexões que apresentem potencial significativo para complementar as iniciativas já em curso de análise e implementação do desenvolvimento territorial.


Texto completo:

PDF

Referências


ABRAMOVAY, R. Para uma teoria dos estudos territoriais. In: MANZANAL, M.; NEIMAN, G. LATTUADA, M. Desarrollo rural – Organizaciones, instituciones y terri¬torios. Buenos Aires: Ediciones Ciccus, 2006. pp. 51-70.

BEDUSCHI FILHO, L. C. Los desafios de la investigación en territorios rurales: actores, intereses y habilidades sociales. In: José Bengoa. (Org.). Territorios rurales. 1a Ed. Santiago de Chile: Catalonia, v. 1, pp. 102-115. 2007.

BONNAL, P; CAZZELA, A; DELGADO, N. Subsídios metodológicos ao estudo do desenvolvimento territorial rural. In: DELGADO, N.; LEITE, S. (Org.) Políticas públicas, atores sociais e desenvolvimento territorial no Brasil. Série desenvolvimento rural sustentável; nº 14; Brasília: IICA, 2011. pp. 35-60.

BOURDIEU, P. A representação política: elementos para uma teoria do campo político. In: Bourdieu, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro, Diffel, 1990.

BRANDÃO, C. Territórios como classes sociais, conflitos, decisão e poder. In: Ortega, A. C.; Almeida Fo, N. (Org.) Desenvolvimento territorial: segurança alimentar e economia solidária. Campinas: Alinea, 2007.

BRUNORI, G.; ROSSI, A. Differencing countryside: social representation and governance patterns in rural areas with high social density: The case of Chianti, Italy. Journal of Rural Studies; v. 23, 2007, pp. 183-205.

CARNEIRO, M. J. Limites e possibilidades da construção de “territórios de desenvolvimento” na região serrana do Rio de Janeiro. In: CAZELLA, A., BONNAL, P., e MALUF, R. (Org.). Agricultura familiar – multifuncionalidade e desenvolvimento territorial no Brasil. Rio Janeiro, Ed. Mauad, 2009.

______, BONNAL, P., e MALUF, R. Olhares disciplinares sobre o território e o desenvolvimento territorial. In: CAZELLA, A., BONNAL, P., e MALUF, R. (Org.) Agricultura familiar – multifuncionalidade e desenvolvimento territorial no Brasil. Rio Janeiro, Ed. Mauad, 2009.

CEFAÏ, D. Acción asociativa y ciudadanía comun: la sociedad civil como matriz de la res publica? In: Aprendendo a ser ciudadanos. Experiencias sociales y construcción de la ciudadania entre los jóvenes. (2003).

DAGNINO, E. Sociedade civil, espaços públicos e a construção democrática no Brasil: limites e possibilidades. In: DAGNINO, E. (Org.) Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo, Paz e Terra, 2002.

DELGADO, N.; LEITE; S. Gestão Social e novas institucionalidades no âmbito da política de desenvolvimento territorial. In: DELGADO, N.; LEITE, S. (Org.) Políticas públicas, atores sociais e desenvolvimento territorial no Brasil. Série desenvolvimento rural sustentável; nº 14; Brasília: IICA, 2011.

FAVARETO, A. Paradigmas do Desenvolvimento Rural em Questão. Do agrário ao territorial. Tese (Doutorado em Ciência Ambiental) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. Disponível em: .

FLIGSTEIN, N. Social skill and the theory of fields. Sociological Theory. v. 19, no 2, 2001, pp. 105-125.

FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Editora Graal: Rio de Janeiro, 1984.

HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização: do “fim” dos territórios à multiterritorialidade. Editora Bertrand Brasil: Rio de Janeiro, 2004.

LEFEBVRE, H. La production de l’espace. Paris, Anthropos. 1986.

MASSEY, D. Um sentido global do lugar. In: ARANTES, O.; (Org.) O espaço da diferença. Campinas: Papirus, 2000.

MEYER-STAMER, J. Governance and territorial development: policy, politics and polity in local economic development. Disponível em: , 2004.

RAFFESTIN, C. Por uma geografia do poder. São Paulo, Ática, 1993.

SACK, R. Human Territoriality: its theory and history. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.

SANTOS, M. O retorno do território. In: SANTOS, M. et al. (Org.) Território: globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec e ANPUR, 1994.

SCHNEIDER, S.; TARTARUGA, I. P. Território e abordagem territorial: das referências cognitivas aos aportes aplicados à análise dos processos sociais rurais. Raízes, Campina Grande/ PB, v. 23, no 1/2, 2006, pp. 99-116.

TORRE, A. Conflitos e governança dos territórios. In: Dossiê: Território, sustentabilidade e ação pública, In: PIRAUX, M. E CANIELLLO, M. (Org.) Dossiê: Território, sustentabilidade e ação pública, Raízes. v. 28, nos 1 e 2, jan./dez. 2009; no 1, jan./jun. 2010.

VEIGA, J. E. O Brasil Rural ainda não encontrou seu eixo de desenvolvimento. Estudos Avançados, São Paulo, v. 15, no 43, 2001, pp. 101-119.

WOLF, E. Distinguished lecture: facing power – old insights, new questions. American Anthropologist, v. 92, 1990, pp. 586-596.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.