Regime de metas de inflação, bancos públicos e a coordenação de política monetária: lições da experiência brasileira recente à luz do debate estruturalistas x monetaristas

Arthur Batista de Sousa, Carmem Aparecida Feijó

Resumo


Fazendo referência ao antigo debate entre monetaris­tas e estruturalistas, o objetivo deste artigo é discutir em que medida as políticas de combate à inflação e de desembolso do BNDES nos anos 2000 estiveram coordenadas. Nesse sentido, analisamos a questão da coordenação de políticas – monetária, fiscal, credití­cia − à luz de objetivos de curto e de longo período. Colocamos as seguintes questões: a) como entender o papel dos bancos públicos, atuando sobre o lado da oferta, contribuindo para o combate à inflação em longo prazo, e b) como conciliar no curto prazo um possível conflito de objetivos entre as políticas mone­tária e creditícia considerando a atuação do Banco Central e dos bancos públicos (sobretudo o BNDES)? Concluímos que um arcabouço teórico que descon­sidere os efeitos das políticas econômicas de curto prazo na estrutura de oferta em longo prazo, como é o caso do Regime de Metas de Inflação, pode compro­meter o potencial de crescimento da economia. Do ponto de vista empírico, constatamos que o desem­penho da política econômica brasileira nos anos 2000 apresentou momentos de maior e de menor coorde­nação entre a atuação do Banco Central e do BNDES.


Texto completo:

PDF

Referências


AMADEO, E. (1988). As diferentes facetas da rigidez e flexibilidade dos salários na análise keynesiana. Revista de Economia Política, v. 8, no 1.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de Inflação (Diversos números).

BLANCHARD, o. j. (1997). Is there a core of usuable macroeconomics? The American Economic Review, v. 87, no 2. May.

BLINDER, A. S. (1997). Is there a core of practical macroeconomics that we should all believe? The American Economic Review, v. 87, no 2.May.

BOIANOVSKY, M. (2012). Furtado and the Structuralist-Monetarist Debate on economic Stabilization in Latin America, History of Political Economy, v. 44, no 2, Summer 2012.

CARVALHO, F. J. C. de (2005). Uma contribuição ao debate em torno da eficácia da política monetária e algumas implicações para o caso do Brasil. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 25, no 4, pp. 323-36.

—— (2007). Economia Monetária e Financeira. Teoria e Política. 2a ed. Rio de Janeiro: Campus, 385 p.

DAVIDSON, P. (1994). Post Keynesian Macroeconomic Theory. Cheltenhan: Edward Elgar.

DE MENDONÇA, H. F. (2001). Mecanismos de transmissão monetária e a determinação da taxa de juros: uma aplicação da regra de Taylor ao caso brasileiro. Economia e Sociedade, Campinas, (16): 65-81, jun. 2001.

GUDIN, E. Princípios de economia monetária. Rio de Janeiro, AGIR, 1968, Livro I.

HERMANN, J. (2009). O papel dos bancos públicos, Texto para Discussão Cepal- IPEA, no 15.

KEYNES, J. (1936, [1964]). The General Theory of Employment, Interest and Money. Atlantic Publishers, London.

KYDLAND, F. E.; PRESCOTT, E. C. (1977). Rules Rather than Discretion: The Inconsistency of Optimal Plans. The Journal of Political Economy, v. 85, no 3, pp. 473-92.

LAVOIE, M. (1992). Foundations of Post- Keynesian Economic Analysis. Cheltenhan: Edward Elgar.

_____ (2006) A post keynesian amendment to the new consensus on monetary policy. Metroeconomica, v. 57, no 2, pp. 165-92, 2006.

MINSKY, H. (1986). Stabilizing an Ustable Economy. New Haven: Yale University Press.

MISSIO, F. J.; OREIRO, J. L. (2008). Uma Revisão do Debate sobre a Existência e Estabilidade do Equilíbrio com Desemprego no Modelo Keynesiano. In: I Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira, 2008, Campinas. Anais I Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira.

MOLLO, M. L. R.; LOPES, M. L. M.; COLBANO, F. S. (2012). Metas de inflação, regra de Taylor e neutralidade da moeda: uma crítica pós-keynesiana. Revista de Economia Política. vol. 32, no 2 (127).

OREIRO, J. L.; PAULA, L. F.; SOBREIRA, R. (Org.). Política Monetária, Bancos Centrais e Metas de Inflação: teoria e experiência brasileira. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 2009.

PALMA, J. G. (2010). Why has productivity growth stagnated in most Latin American countries since the noe-liberal reforms, Cambridge Working Paper in Economics, no 1030.

PREBISCH, R. (1961). O falso dilema entre desenvolvimento econômico e estabilidade monetária. In___ GURRIERI, Adolfo (Org.). O manifesto latino-americano e outros ensaios. 1a ed. Outubro 2011. Contraponto.

PUGA, F. E BORÇA Jr., G. (2011). O papel anticíclico do BNDES e sua contribuição para conter a demanda agregada, BNDES, Visão do Desenvolvimento, n. 96, 29 de julho.

SICSÚ, J.; De PAULA, L. e Michel, R. (2005) Novo-Desenvolvimentismo: Um Projeto Nacional de Crescimento com Equidade Social, Barueri: Editora Manole.

SICSÚ, J. (2003) Políticas Não-Monetárias de Controle da Inflação: uma proposta pós-keynesiana. Revista Análise Econômica, v. 21, no 39.

SNOWDON, BRIAN; VANE, HOWARD R. Modern Macroeconomics: Its Origins, Development and Current State. Cheltenhan: Edward Elgar, 2005.

STIGLITZ, J. E. (2011). A Balanced Debate About Reforming Macroeconomics. IMF Blog. March 22, 2011. http://blog-imfdirect.imf. org/2011/03/22/balanced-debate-about-refor¬ming-macroeconomics/

TAYLOR, J. (1997) a core of practical macroeconomics. The American Economic Review, v. 87, no 2. May.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.