O protagonismo dos derivativos no capitalismo contemporâneo
Resumo
Este artigo tem como objetivo colocar em discussão o papel dos derivativos na dinâmica capitalista contemporânea. O ponto de partida é a literatura que descreve o capitalismo liderado pelas finanças, que aponta o controle sobre a propriedade das empresas, representadas pelo capital acionário, como responsável pela difusão de uma lógica financeira de operação entre os agentes econômicos. Este ensaio busca mostrar que o núcleo das finanças contemporâneas não está mais nas relações de propriedade representadas pelas bolsas de valores, mas no mercado de derivativos que não negocia a propriedade em si, mas as variações patrimoniais. O argumento principal está na forma como esse mercado atua sobre a dinâmica de preços dos estoques de ativos e condiciona a acumulação capitalista à formação dos preços futuros nos mercados de derivativos. Dessa forma, os derivativos não são apenas coadjuvantes no processo de acumulação financeira, mas desempenham um papel central que condiciona todo esse processo.
Texto completo:
PDFReferências
AGLIETTA. Macroeconomia financeira: crises e regulação monetária. São Paulo: Loyola, 2004.
BLACKBURN, R. “Finance and the fourth dimension”, New Left Review, no 39.
BRIAN, D., RAFFERTY, M. Capitalism with Derivatives: A Political Economy of Financial, Capital and Class. Nova York: Palgrave McMillan, 2006.
CARNEIRO, R. “Dinâmica e crise do capitalismo com dominância financeira”. In MARCOLINO, L. C.; CARNEIRO, R. Sistema financeiro e desenvolvimento no Brasil. São Paulo: Atitude, 2010.
CHESNAIS, F. “O capital portador de juros: acumulação, internacionalização, efeitos econômicos e políticos”. In CHESNAIS, F. (org.). A finança mundializada. São Paulo: Boitempo, 2005.
DODD, R., GRIFFITH-JONES, S. “Report on Derivatives Markets: Stabilizing or Speculative Impact on Chile and a Comparison with Brazil”. Economic Commission for Latin America and the Caribbean (Eclac), 2007.
FARHI, M. “O futuro no presente: um estudo sobre o mercado de derivativos financeiros. Tese de doutorado. Campinas: IE/Unicamp, 1998.
_____. “Os impactos dos derivativos no Brasil”. In MARCOLINO, L. C.; CARNEIRO, R. Sistema financeiro e desenvolvimento no Brasil. São Paulo: Atitude, 2010.
FLASSBECK, H.; LA MARCA, M. (eds). Coping with Globalized Finance: Recent Challenges and Long-term Perspectives. Genebra: Unctad, 2007.
GALATI, G. et alli. “Evidence of carry trade activity”. BIS Quarterly Review, set. 2007.
GUTTMANN, R. “Uma introdução ao capitalismo dirigido pelas finanças”. Revista Novos Estudos Cebrap, no 82, p. 11-33, São Paulo: Nov.2008.
KREGEL. “Structured Derivatives Contracts, Hedging Exchange Appreciation and Financial Instability: Brazil, China and Korea”. Conference “Financialization, Financial Systems and Economic Development”, University of China, 8-9 nov. 2010,.
LAPAVITSA, C. “Financialised Capitalism: Crisis and Financial Expropriation”. Research on Money Finance (RMF) Discussion papers, fev. 2009.
MAYER, J. “The Growing Interdependence between Financial and Commodity Markets”. Unctad Discussion Papers, no 195, out. 2009.
PLIHON, D. “As grandes empresas fragilizadas pelas finanças”. In CHESNAIS, F. (org.). A finança mundializada. São Paulo: Boitempo, 2005.
TOPOROWSKI, J. The End of Finance: Capital Market Inflation, Financial Derivatives and Pension Fund Capitalism. Londres/Nova York: Routledge, 1999.
UNCTAD. “Trade and Development Report”. Nova York/Geneva: Organização das Nações Unidas, 2007.
Apontamentos
- Não há apontamentos.