Editorial | Nº 7 | Seminário Internacional Desenvolvimento Regional do Nordeste (2009)

Cadernos do Desenvolvimento

Resumo


Circunstâncias muito especiais, como a premência de dar uma resposta à altura da seca terrível de 1958 e ao desvalimento de uma região onde vivia um terço dos brasileiros mas parecia não integrada ao Brasil possibilitaram a Celso Furtado criar, em 1959, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste. São circunstâncias que não se repetem, até porque o Nordeste, cinquenta anos depois, é outro bem diferente, e bem melhor. Para citar um só dado, entre 2003 e 2006 seu crescimento alcançou a média de 3,4% ao ano, enquanto o Brasil registrou taxa de 2,7%; e foi este um crescimento mais favorável às famílias de baixa renda.
Rememorar o cinquentenário da Sudene, o contexto histórico que permitiu esse empreendimento “quixotesco”, nas palavras de Francisco de Oliveira, contra os moinhos de vento do latifúndio e das oligarquias locais, foi o mote que levou o Centro Celso Furtado a organizar o seminário Desenvolvimento Regional do Nordeste, realizado no Recife de 13 a 16 de outubro de 2009. Rememorar sem celebração nostálgica, porém, e sim enxergando o passado como ponto de partida para repensar o futuro do Nordeste, seu desenvolvimento (e seu desequilíbrio) regional em momento particularmente instigante, ao fim de quase oito anos de políticas públicas e distributivas do governo Lula. E desse novo quadro refletir sobre novos cenários para a região vista como parte de um todo chamado Brasil.
As intervenções dos quase trinta participantes do Brasil e do exterior estão reunidas neste número de Cadernos do Desenvolvimento. Há que se notar o caráter pluridisciplinar do encontro e a variedade de atividades paralelas que suscitaram grande número de inscrições e auditórios sempre lotados. Inaugurou-se durante o seminário a exposição “Celso Furtado: vocação Nordeste (1958-64)”, agora itinerante, montada a partir da pesquisa documental coordenada, em 2009, pelo professor Marcos Costa Lima sobre os anos em que Celso Furtado esteve à frente da Sudene. Fez-se uma chamada de trabalhos, a que responderam cerca de 120 pesquisadores de todo o Brasil. Desses, o comitê científico selecionou trinta, cujos autores tiveram sua presença no Recife custeada pelo Centro Celso Furtado e pelo Banco do Nordeste do Brasil. Paralelamente às conferências, foram ministrados três cursos para graduandos e professores de universidades nordestinas, sobre novas teorias do desenvolvimento regional, o Nordeste na federação brasileira, e o Nordeste na obra de Celso Furtado.
Estamos há poucas semanas de um momento de renovação política dos nossos governantes no Executivo e no Legislativo. Que este Cadernos do Desenvolvimento, com um atualíssimo material sobre a questão regional, possa ser útil aos que refletem sobre os acertos e desacertos do Nordeste.

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