Funk ostentação e os anos Lula e Dilma: um estudo de economia e cultura à luz das controvérsias do desenvolvimento
Resumo
Este artigo propõe-se a analisar o fenômeno cultural do funk ostentação à luz das controvérsias do modelo de desenvolvimento econômico capitaneado em governos petistas de Luís Inácio Lula da Silva (2007-2010, segundo mandato) e Dilma Rousseff (2011-2014, primeiro mandato). O problema que se coloca é de que modo o consumo hiperbólico simbolicamente presente nessa estética musical periférica evidenciou contradições de um modelo de desenvolvimento embasado, entre outros fatores, no projeto de inclusão social via consumo. Metodologicamente, este artigo dialoga com os estudos culturais críticos de tradição dialética envolvendo os temas do desenvolvimento econômico, das transformações da indústria na música nas últimas décadas e, também, das tecnologias de comunicação e informação (TICs).
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ALBUQUERQUE, Gabriel. Kondzilla e redes de música pop periférica: estética, mercado e sentidos políticos. 2020. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2020.
BARROS, Carla. A nova classe média nas telenovelas brasileiras: aspectos culturais e representações sociais nas mudanças em curso. In: BARTELT, Dawid; DE PAULA, Marilene (Orgs.). É o fim da nova classe média? Trabalho, religião e consumo em tempos de crise. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Boll, 2017, p. 82-94.
BARTELT, Dawid Danilo (Org.). A nova classe média no Brasil como conceito e projeto político. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll, 2013.
BORJA, Bruno. Cultura popular no capitalismo dependente: entre resistências e incorporações. Temporalis, v. 23, p. 32-48, 2023.
BORJA, Bruno. Notas sobre a dimensão cultural na obra de Celso Furtado. In: D’AGUIAR, Rosa Freire (Org.). Celso Furtado e a Dimensão Cultural do Desenvolvimento. Rio de Janeiro: E-papers; Centro Internacional Celso Furtado, 2013.
BRÁS, João Marcelo. Funk Ostentação SP-ZN. Curitiba: Appris, 2018.
CARVALHO, Laura. A valsa brasileira: do boom ao caos econômico. São Paulo: Todavia, 2018.
CEPÊDA, Vera Alves. Inclusão, democracia e novo-desenvolvimentismo – um balanço histórico. Revista Estudos Avançados, n. 26, p. 77-90, ago. 2012.
CHAUÍ, Marilena. Uma nova classe trabalhadora. In: SADER, Emir. 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma. São Paulo: Boitempo, 2013.
DE MARCHI, Leonardo. A destruição criadora da indústria fonográfica brasileira, 1999-2009: dos discos físicos ao comércio digital de música. Rio de Janeiro: Folio, 2016.
DE MARCHI, Leonardo. A indústria fonográfica digital: formação, lógica e tendências. Rio de Janeiro: Mauad X, 2023.
FONSECA, Pedro Cezar Dutra. Desenvolvimentismo: a Construção do Conceito. In: DATHEIN, Ricardo (Org.). Desenvolvimentismo: o conceito, as bases teóricas, as políticas. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2015.
FONSECA, Pedro Cezar Dutra; CUNHA, André Moreira; BICHARA, Julimar da Silva. O Brasil na Era Lula: retorno ao desenvolvimentismo? Nova Economia, UFMG, v. 23, p. 403-428, 2013.
FURTADO, Celso. Criatividade e dependência na civilização industrial. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
FURTADO, Celso. Cultura e desenvolvimento em época de crise. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
FURTADO, Celso. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
GAGO, Verônica. A razão neoliberal: economias barrocas e pragmática popular. São Paulo: Elefante, 2018.
HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte; Brasília: Ed. UFMG; Unesco Brasil, 2003.
HERSCHMANN, Micael. Indústria da música em transição. São Paulo: Estação das Letras e das Cores, 2010.
LOPES DOS SANTOS, Kauê. Uma nova pobreza urbana? A financeirização do consumo na periferia de São Paulo. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 16, n. 1, p. 153-167, maio 2014.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2009.
NERI, Marcelo. A nova classe média: o lado brilhante da base da pirâmide. Rio de Janeiro: Ed. FGV; Saraiva, 2012.
ORTEGA, Rodrigo. Mc Guimê diz que “crise nacional” fez fãs se afastarem do funk ostentação. G1. (Site). Publicado em: 28 nov. 2016. Disponível em: https://g1.globo.com/musica/noticia/2016/11/mc-guime-diz-que-crise-nacional-fez-fas-se-afastarem-do-funk-ostentacao.html. Acesso em: 11 nov. 2022.
PASSOS, Pâmella S. Lan house na favela: cultura e práticas sociais em Acari e no Santa Marta. 2013. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense, 2013.
PFEIFER, Mariana. O “social” no interior do projeto neodesenvolvimentista. Serviço Social & Sociedade, n. 120, p. 746–766, dez. 2014.
PINHEIRO MACHADO, Rosana; SCALCO, Maria Lúcia. The right to shine: Poverty, consumption and (de) politicization in neoliberal Brazil. Journal of Consumer Culture, v. 22, p. 1-19, 2022.
POCHMANN, Márcio. Nova classe média? O trabalho na base da pirâmide social. São Paulo: Boitempo, 2012.
ROSSI, Marina. Os jovens da classe C são os maiores consumidores do Brasil. El Pais. (Site). Publicado em: 26 jan. 2014. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/01/26/politica/1390771527_418106.html. Acesso em: 4 dez. 2020.
VIANNA, Hermano. Entrevista com Hermano Vianna. [Entrevista concedida à Felipe Sussekind, Fernando Lima Neto e Jonas Lana]. Desigualdade & Diversidade, Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, n. 14, p. 217-224, jan.-jun. 2014.
VICENTE, Eduardo. Música e disco no Brasil: a trajetória da indústria nas décadas de 80 e 90. 2002. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
WILLIAMS, Raymond. Cultura e materialismo. São Paulo: Ed. UNESP, 2011.
WILLIAMS, Raymond. Base e superestrutura na teoria cultural marxista. Revista USP, São Paulo, n. 65, mar.-maio 2005.
WILLIAMS, Raymond. Marxismo e literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
YACCOUB, Hilaine. A chamada "nova classe média": cultura material, inclusão e distinção social. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 17, n. 36, p. 197-231, dez. 2011.
ZINCONE, Rafael. Funk ostentação e os anos Lula e Dilma: cultura brasileira, políticas desenvolvimentistas e subjetividade neoliberal. 2023. Tese (Doutorado em Comunicação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.