O pensamento político de Celso Furtado na crítica ao estilo de desenvolvimento brasileiro adotado na ditadura civil-militar

Wilson Vieira

Resumo


Este artigo analisa a crítica elaborada por Celso Furtado ao estilo de desenvolvimento adotado durante os anos da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), especialmente nos anos do “milagre” econômico. A metodologia deste trabalho utiliza as ferramentas analíticas da linguagem do ideário político de John Pocock, da sociologia do conhecimento de Karl Mannheim e do materialismo histórico-dialético de Karl Marx. Ou seja, leva-se em consideração o contexto histórico-material-político-linguístico no qual Furtado produz sua reflexão, localizando-o no debate sobre o desenvolvimento brasileiro e os seus desafios, especialmente em um período de forte repressão política. Além disso, utilizamos o enfoque de estilos de desenvolvimento na América Latina, elaborado por Aníbal Pinto e Jorge Graciarena, ambos membros da CEPAL na década de 1970, a fim de compreender a crítica de Furtado ao estilo de desenvolvimento adotado no Brasil, dentro de uma análise que transcende a dimensão econômica e aprofundando cada vez mais sua abordagem interdisciplinar.


Palavras-chave


Pensamento Político de Celso Furtado; Estilos de Desenvolvimento; Desenvolvimento Socioeconômico Brasileiro; Economia Política da Ditadura Civil-militar Brasileira; Pensamento Social Latino-americano

Texto completo:

PDF

Referências


BIELSCHOWSKY, Ricardo. Pensamento econômico brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo. 5ª ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000.

CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. Dependência e desenvolvimento na América Latina. 7ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1984. [1970].

DOS SANTOS, Theotonio. A teoria da dependência: balanço e perspectivas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

FURTADO, Celso. Economia colonial no Brasil nos séculos XVI e XVII. São Paulo: Hucitec; ABPHE, 2001. [1948].

FURTADO, Celso. Características gerais da economia brasileira. Revista Brasileira de Economia, ano 4, n. 1, p. 7-36, 1950.

FURTADO, Celso. A programação do desenvolvimento econômico II. Revista do Conselho Nacional de Economia, Rio de Janeiro, v. 2, n. 19-20, p. 11-15, nov.-dez. 1953.

FURTADO, Celso. A economia brasileira. Rio de Janeiro: A Noite, 1954.

FURTADO, Celso. A técnica do planejamento econômico. Revista de Ciências Econômicas da Ordem dos Economistas de São Paulo, ano XI, n. 70, p. 3-13, 1954a.

FURTADO, Celso. Uma economia dependente. Rio de Janeiro: MEC, 1956.

FURTADO, Celso. Setor privado e poupança. Econômica Brasileira, Rio de Janeiro, v. II, n. 2, p. 100-102, abr.-jun. 1956a.

FURTADO, Celso. Perspectivas da economia brasileira. Rio de Janeiro: ISEB, 1958.

FURTADO, Celso. Fundamentos da programação econômica. Econômica Brasileira, Rio de Janeiro, v. IV, n. 1-2, p. 39-44, jan.-jun. 1958a.

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. 34ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. [1959].

FURTADO, Celso. A pré-revolução brasileira. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1962.

FURTADO, Celso. Dialética do desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1964.

FURTADO, Celso. Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.

FURTADO, Celso. Brasil: da República oligárquica ao Estado militar. In: FURTADO, Celso (Org.). Brasil: tempos modernos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968a.

FURTADO, Celso. Um Projeto para o Brasil. Rio de Janeiro: Saga, 1968b.

FURTADO, Celso. Análise do “modelo” brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. [1972].

FURTADO, Celso. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.

FURTADO, Celso. Prefácio à nova economia política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

FURTADO, Celso. Criatividade e dependência na civilização industrial. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

FURTADO, Celso. O Brasil pós-“milagre”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

FURTADO, Celso. A nova dependência: dívida externa e monetarismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

FURTADO, Celso. Não à recessão e ao desemprego. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

GRACIARENA, Jorge. Poder y estilos de desarrollo. Una perspectiva heterodoxa. Revista de la CEPAL, Santiago, n. 1, p. 173-193, 1º sem. 1976.

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MALTA, Maria; CURTY, Carla. Elementos metodológicos para a organização da história do pensamento econômico brasileiro: a abordagem das controvérsias. In: MALTA, Maria; et al. (Orgs.). Controvérsias do pensamento econômico brasileiro: história, desenvolvimento e revolução. Rio de Janeiro: Mórula, 2022.

MANNHEIM, Karl. Ideologia e utopia. Rio de Janeiro: Zahar, 1986 [1936].

MANNHEIM, Karl. Liberdade, poder e planificação democrática. São Paulo: Mestre Jou, 1972. [1951].

MARINI, Ruy Mauro. Dialética da dependência. In: Dialética da dependência. Petrópolis, RJ; Buenos Aires: Vozes; CLACSO, 2000. [1973].

MARX, Karl. Grundrisse. São Paulo: Boitempo, 2011. [1857-1859].

MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008. [1859].

MARX, Karl. O capital. Teorias da mais-valia: história crítica do pensamento econômico. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1987. [1906-1910].

MEDEIROS, Fágner João Maia. A gênese do enfoque de estilos de desenvolvimento na América Latina. Cadernos do Desenvolvimento, Rio de Janeiro, v. 16, n. 29, p. 77-103, maio-ago. 2021.

MYRDAL, Gunnar. Teoria econômica e regiões subdesenvolvidas. 3ª ed. Rio de Janeiro: Saga, 1972. [1956].

NURKSE, Ragnar. Problemas da formação de capital em países subdesenvolvidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957.

PINTO, Aníbal. Notas sobre estilo de desarrollo em América Latina. Revista de la CEPAL, Santiago, n. 1, p. 97-128, 1º sem. 1976.

POCOCK, John. Linguagens do ideário político. São Paulo: Ed. USP, 2003.

PREBISCH, Raúl. El desarrollo económico de la América Latina y algunos de sus principales problemas. In: Estudio Económico de la América Latina 1948. Santiago: CEPAL, 1949.

PREBISCH, Raúl. Dinâmica do desenvolvimento latino-americano. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1964.

REINO, Jaime Estay. La Concepción Inicial de Raúl Prebisch y sus Transformaciones. In: MARINI, Ruy Mauro; MILÁN, Márgara (Orgs.). La teoría social latinoamericana. Tomo II: Subdesarrollo y dependencia. México: El Caballito, 1994.

ROSTOW, W. W. Etapas do desenvolvimento econômico: um manifesto não comunista. Rio de Janeiro: Zahar, 1961.

TAVARES, Maria da Conceição. Da substituição de importações ao capitalismo financeiro: ensaios sobre a economia brasileira. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

VIEIRA, Wilson. A construção da nação no pensamento de Celso Furtado. 2010. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

VIEIRA, Wilson. Subdesenvolvimento e dependência: uma análise do pensamento de Celso Furtado e sua aproximação com a teoria da dependência. In: MALTA, Maria; et al. (Orgs.). Controvérsias do pensamento econômico brasileiro: história, desenvolvimento e revolução. Rio de Janeiro: Mórula, 2022.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.