China-Brasil: industrialização e “desindustrialização precoce”
Resumo
Há trinta anos as economias emergentes asiáticas conhecem um intenso crescimento, e há cerca de dez anos as economias da América Latina retomam um crescimento mais ou menos elevado. Esse não é o caso das economias avançadas. As duas juntas tendem a convergir. Essa situação não é totalmente nova. Nos anos 1930, as economias avançadas sofreram uma crise profunda e durável. Em compensação, durante esse período, algumas economias exportadoras latino-americanas conheceram uma industrialização de grande intensidade após uma fase de crise. Mas, as relações entre o “centro” e a “periferia” não funcionam hoje como ontem. Segundo a Cepal e a corrente estruturalista latino-americana, basta que esses laços se debilitem graças a uma crise nas economias avançadas, ou a uma guerra entre países do centro, para que alguns países conheçam um processo de substituição de importações. O enfraquecimento dos vínculos foi uma “chance” para que o Brasil, o México ou mesmo a Argentina, entre outros, se industrializassem. A crise estrutural que atravessam as economias avançadas oferecerá hoje a mesma oportunidade? A situação é diferente daquela dos anos 1930 por duas razões: a dimensão financeira tornou-se um parâmetro extremamente importante, e os laços comerciais se intensificam entre algumas economias emergentes (principalmente América Latina e Ásia). A parcela do comércio da América Latina com a China e a Índia aumenta fortemente. O Brasil, ao triplicar o comércio com a China, entre 2006 e 2010, mantém relações comerciais cada vez mais estreitas com esse país. Mas a troca é assimétrica: a China exporta principalmente produtos manufaturados para o Brasil e compra dele matérias-primas. Graças à extensão de suas exportações para a China, o constrangimento externo do Brasil não funciona mais como limite ao crescimento, como foi o caso no passado. O crescimento elevado da China “puxa” em parte o do Brasil. Entretanto, a crise da dívida soberana e as ameaças de explosão da zona do euro, e do euro enquanto moeda reserva, fragilizam o sistema bancário. A procura de liquidez pode ampliar o contágio financeiro e repercutir sobre as economias emergentes, cujas margens de manobra em matéria de políticas anticíclicas são hoje mais fracas do que eram em 2009. [CONTINUA]
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