Editorial | Nº 8

Cadernos do Desenvolvimento

Resumo


Este número de Cadernos do desenvolvimento se dedica a três temas. O primeiro é de resgate histórico, e consiste nos resultados de uma abrangente pesquisa documental encomendada em 2009 pelo Centro Celso Furtado ao cientista político Marcos Costa Lima, que dirige na Universidade Federal de Pernambuco um grupo de estudos sobre região e desenvolvimento. O intuito era mapear nos jornais da época a repercussão da criação da Sudene, em 1958, e da atuação de Celso Furtado no Nordeste, como idealizador e superintendente do órgão até o golpe militar de 1964. Uma equipe de seis graduandos e mestrandos, sob orientação de Costa Lima, escaneou, fichou e comentou mais de mil recortes de quatro jornais, dois de audiência regional – o Jornal do Commercio e o Diário de Pernambuco – e dois de audiência nacional – o Última Hora e o O Estado de S. Paulo. Esse riquíssimo material, aqui listado, breve estará disponível no site do Centro Celso Furtado.
O debate sobre a produção de alimentos em confronto, ou mesmo em concorrência, com a produção de biocombustíveis vem ocupando agendas de pesquisas, programas de governo, de agências multilaterais e de movimentos sociais. Os aumentos descontrolados do preço do petróleo, que exacerbam o problema da segurança alimentar do planeta, e o próprio compromisso dos Estados Unidos em desenvolver uma matriz energética mais sustentável colocam na ordem do dia a questão dos biocombustíveis. O Brasil tem assumido posição de destaque nessa pauta, como se comprovará pelos artigos aqui reunidos de sete especialistas do Brasil e da França que estiveram presentes ao seminário internacional Segurança Alimentar e Segurança Energética, copatrocinado pelo Centro Celso Furtado no Rio de Janeiro, em outubro de 2009.
O terceiro dossiê é dedicado a Celso Furtado. Traz uma longa entrevista inédita, cuja publicação se tornou possível graças à doação da educadora Neila Cecílio, que encontrou entre os pertences de seu marido Eduardo Kugelmas, falecido em 14 de novembro de 2006, um conjunto de quatro fitas cassete com a legenda: “Celso Furtado, junho de 1993”. Transcritas, e em seguida revistas por Rosa Freire d’Aguiar, viúva de Celso, as fitas ora publicadas contêm uma belíssima conversa entre ele e Eduardo, ocorrida no salão de um hotel em São Paulo. Completa esse dossiê um trabalho do professor José Elesbão de Almeida, do Rio Grande do Norte, que vem se dedicando a estudar a obra de Celso Furtado e aqui discorre sobre os “encantos e desencantos” do economista com a racionalidade do planejamento estatal.
Cadernos do desenvolvimento encerra, neste número, sua primeira fase. Em seis anos de existência, esta que foi a primeira publicação acadêmica do Centro Celso Furtado cumpriu a proposta original de divulgar suas atividades. Agora, à versão impressa junta-se uma versão eletrônica, que estará disponível em site próprio em meados deste ano. Mais moderna, mais ágil, com muitas novidades de conteúdo, e também mais adequada aos critérios de qualificação e avaliação dos periódicos acadêmicos brasileiros, Cadernos do desenvolvimento continuará, porém, a tratar da temática do desenvolvimento nas suas diversas facetas, tendo como editor o professor Ricardo Ismael, do programa de pós-graduação em ciências sociais da PUC do Rio de Janeiro. Certos de que nossos leitores apreciação a nova série de Cadernos do desenvolvimento, dizemo-lhes um “obrigado” por estes anos em que nos leram.


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