Desenvolvimento, instituições e atores sociais
Resumo
Bertha Becker recebeu Cadernos do Desenvolvimento em seu espaçoso apartamento da avenida Atlântica, no Rio de Janeiro. Era uma tarde ensolarada de maio e ela fez questão de, antes de iniciar a conversa, mostrar a bela vista da praia de Copacabana e o calçamento de pedras portuguesas que, do alto, parece reproduzir a geometria de um desenho indígena. Esse detalhe para o qual ela chama a atenção dos visitantes logo a remete à Amazônia, menina dos olhos dessa jovem senhora de 81 anos que, desde mocinha, recém-formada em geografia e história pela Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, percorre o país movida pelo desejo de descobrir fronteiras novas, territórios e povos pouco conhecidos. Bertha Becker é uma das maiores geógrafas brasileiras e grande especialista das questões amazônicas, em especial em sua dimensão geográfica e política. Nela, a curiosidade pelo novo se traduz no brilho do olhar, na vivacidade com que fala de suas inúmeras atividades, ora coordenando projetos de pesquisa, ora participando da implantação de políticas públicas com equipes ministeriais e acadêmicas, ora como consultora de instituições científicas. No momento, polariza sua atenção o livro que está escrevendo sobre seis cidades da Amazônia que conheceram surtos de crescimento. É com entusiasmo contagiante que ela fala da descoberta que fez, ao pesquisar para esse livro, de que a imensa área amazônica que se situa ao redor e acima de Manaus foi caribenha, antes de ser portuguesa, espanhola ou brasileira. Bertha Becker fez pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology, em 1986, e hoje é professora emérita da UFRJ, onde coordena o Laboratório de Gestão do Território. Membro da Academia Brasileira de Ciências, agraciada com importantes condecorações no Brasil e no exterior — expostas numa mesinha envidraçada do salão —, ela discorre nesta entrevista, entre outros temas, sobre sua trajetória acadêmica, os problemas da Amazônia, a polêmica que opõe o desenvolvimento à preservação da natureza, a agenda debatida na recente conferência do desenvolvimento sustentável, a Rio+20, e apresenta instigantes propostas para os problemas da Amazônia, afirmando, na contracorrente, que é pelo desenvolvimento que vai se preservar a floresta. [CONTINUA]
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