Descolonizando a gestão estratégica: o (des)encontro Alfred Chandler-Celso Furtado

Autores

  • Sergio Wanderley Ebape/FGV
  • Alexandre Faria Ebape/FGV

Resumo

Alfred Chandler é o autor do livro mais citado na área de gestão estratégica – Estratégia e estrutura (1962) – e é tido como o principal fundador de uma área que se mostra incapaz de escapar das amarras da universalidade euro­cêntrica. Suas ideias e conceitos viajam pelo mundo como se fossem neutras e aplicáveis a qualquer contexto. Celso Furtado, renomado economista brasileiro, tido como um dos autores seminais da teoria da dependência, apesar de ter muito a contribuir para a área de gestão estratégica (GE), continua negligenciado. Neste artigo propomos a descolonização de GE a partir do Brasil por meio do foco no (des)encontro de Chandler e Furtado para torná-lo um campo multipolar e plural. A análise se concentra em três níveis interdependentes: 1) macro: a grande narra­tiva da Guerra Fria; 2) meso: o conhecimento subalterno coproduzido por Cepal e Furtado; 3) micro: a identidade nacional mobilizada por cada autor.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sergio Wanderley, Ebape/FGV

Doutorando em Administração na Ebape/FGV. Mestre em Administração pela Ebape/FGV. Graduado em Economia pela UFRJ e MBA pela Fundação Dom Cabral e cursos de extensão no IMD e INSEAD. Experiência em comércio internacional de commodities agrícolas com atuação em empresas nacionais e multinacionais. Suas publicações recentes aparecem no Cadernos Ebape e Management & Organizational History, e em congressos no Brasil e no exterior, como Enanpad, 3Es, Academy of Management, IFSAM, LAEMOS e CMS. Na Ebape, pesquisador dos Grupos GEI e GEEM e monitor do programa IMPM. Sua tese de doutorado analisa o imbricamento de management, dependência e desenvolvimento no Brasil a partir da Segunda Guerra Mundial.

Alexandre Faria, Ebape/FGV

Professor adjunto da Ebape/FGV. Coeditor do livro International Management and International Relations: A Critical Perspective from Latin America, que desenvolve uma perspectiva geopolítica baseada em multipolaridade e pluriversalidade. Persquisador do CNPq, líder de tema da Divisão de Estratégia do ENANPAD, membro do conselho editorial de periódicos brasileiros e atual Chair da Divisão de Critical Management Studies da Academy of Management nos EUA. Suas publicações recentes aparecem na Brazilian Administration Review, Canadian Journal of Administrative Sciences, Critical Perspectives on International Business, Management Research, Management & Organizational History e Revista de Administração Contemporânea. Interesses de pesquisa nas áreas de Estratégia e Governo, Estudos Críticos de Gestão e na relação entre managerialism(s) e desenvolvimento internacional sob a perspectiva das economias emergentes.

Referências

ALCADIPANI, R.; BERTERO, C.. Guerra Fria e ensino do management no Brasil: o caso da FGV-Eaesp. Revista de Administração de Empresas, 52 (3), 2012, pp. 284-99.

BRESSER-PEREIRA, L. “From the National-Bourgeoisie to the National Dependency Interpreation of Latin America. Latin American Perspectives, 178, 38 (3), 2011, pp. 40-58.

CHANDLER, A. D. “The Beginnings of ‘Big Business’ in American Industry”. The Business History Review, 33(1), 1959, pp. 1-31.

_____. Strategy and Structure: Chapters in the History of the American Industrial Enterprise. Cambridge: Massachusetts Institute of Technology Press, 1962.

_____ (ed.). The Papers of Dwight David Eisenhower: The War Years. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1970.

_____. The Visible Hand: The Managerial Revolution in American Business. Cambridge: Harvard University Press, 1977.

_____. “History and Management Practice and Thought: An Autobiography”. Journal of Management History, 15 (3), 2009, pp. 236-60.

_____; MAZLISH, B. Leviathans: Multinational Corporations and the New Global History. Londres: Cambridge University, 2005.

COOKE, B. “Writing the Left out of Management Theory: The Historiography of Management of Change”. Organization, 6 (1), 1999, pp. 81-105.

_____; MILLS, A.; KELLEY, E. “Situation Maslow in Cold War America: A Recontextualization of Management Theory”. Group and Organization Management, 30 (2), 2005, pp. 129-52.

. “Images of Strategy”. In CUMMINGS, S.; WILSON, D. (eds.). Images of Strategy. Oxford: Blackwell, 2003, pp. 1-40.

DOSMAN, E. Raúl Prebisch (1901-1986): a construção da América Latina e do Terceiro Mundo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2011.

DUSSEL, E. 1492. O encobrimento do outro: a origem do mito da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1993.

FARIA, A.; GUEDES, A. “What is International Management?” In FARIA, A.; GUEDES, A. (eds.). International Management and International Relations: A Critical Perspective from Latin America. Nova York: Routledge, 2010, pp. 1-26.

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1959.

_____. Desenvolvimento e subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura. 1961.

_____. “Brazil: What kind of revolution?” Foreign Affairs, 41, 1963, pp. 526-35.

_____. Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966a.

_____. “U.S. hegemony and the future of Latin America”. The World Today, 22 (9), 1966b, pp. 375-85.

_____. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.

_____. Criatividade e dependência na civilização industrial. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 [1978].

_____. O capitalismo global. São Paulo: Paz e Terra. 1998.

GOSHAL, S. “Bad Management Theories Are Destroying Good Management Practices”. Academy of Management Learning and Education, 4 (1), 2005, pp. 75-91.

GROSFOGUEL, R. “Developmentalism, Modernity and Dependency Theory in Latin America”. Neplanta: Views from the South, 1 (2), 2002, pp. 347-74.

HURLEY, A. (rev.). “The Papers of Dwight David Eisenhower: The War Years”. The Journal of American History, 57 (4), 1971, pp. 896-99.

IBARRA-COLADO, E. “Organization Studies and Epistemic Coloniality in Latin America: Thinking Otherness from the Margins”. Organization, 13 (4), 2006, pp. 489-508.

JACQUES, R. Manufacturing the Employee: Management Knowledge from the 19th to 21st Centuries. Londres: Sage, 1996.

KELLEY, E; MILLS, A.; COOKE, B. “Management as a Cold War Phenomenon?” Human Relations, 59 (5), 2006, pp. 603-10.

MARIANI, J. O longo amanhecer: cinebiografia de Celso Furtado. Rio de Janeiro: Andaluz, 2004.

McCRAW, T. K. “The Challenge of Alfred D. Chandler, Jr.: Retrospect and Prospect”. Reviews in American History, 15(1), 1987, pp. 160-78.

McLAREN, P.; MILLS, A. “A product of ‘his’ time? Exploring the Construct of the Ideal Manager in the Cold War Era”. Journal of Management History, 14 (4), 2008, pp. 386-403.

MIGNOLO, W. “Epistemic Disobedience, Independent Thought and De-Colonial Freedom”. Theory, Culture & Society, 26 (7-8), 2009, pp. 1-23.

_____. The Darker Side of Western Modernity: Global Futures, Decolonial Options. Londres: Duke University Press, 2011.

_____; TLOSTANOVA, M. “Theorizing from the Borders: Shifting to Geo-and Body-Politics of Knowledge”. European Journal of Social Theory, 9 (2), 2006, pp. 205-21.

PARMAR, I. “American Foundations and the Development of International Knowledge Networks”. Global Networks, 2 (1), 2002, pp. 13-30.

“Strategic Management: the Strengths and Limitations of a Field”. In PETTIGREW, A.; THOMAS, R.; WHITTINGTON, R. (eds.). The Handbook of Strategy and Management. Londres: Sage, 2002, pp. 4-30.

PREBISCH, R. El desarrollo economico de la América Latina y sus principales problemas. E/CN.12/89. Santiago, Chile, 1949.

QUIJANO, A. “Modernidad, colonialidad y América Latina”. Neplanta. Views from the South, I (3), 2000, pp. 533-80.

ROSTOW, W. The Stages of Economic Growth: A Non-Communist Manifesto. Cambridge: Cambridge University Press, 1960.

“Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In SANTOS, B.S.; MENESES, M. (eds.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010, pp. 31-83.

SMOTHERS, J.; HAYEK, M.; BYNUM, L.; NOVICEVIC, M.; BUCKLEY, M.; CARRAHER, S. “Alfred D. Chandler, Jr.: Historical Impact and Historical Scope of His Works”. Journal of Management History, 16 (4), 2010, pp. 521-26.

SPECTOR, B. “The Harvard Business Review Goes to War”. Management & Organizational History, 1 (3), 2006, pp. 273-95.

SUNKEL, O. “Big Business and ‘Dependencia’”. Foreign Affairs, 50, 1972, pp. 517-31.

WEATHERBEE, T.; DUREPOS, D.; MILLS, A.; MILL, J. H. “Theorizing the Past: Critical Engagements”. Management & Organizational History, 7 (3), 2012, pp. 193-202.

“Conclusion: Doing More in Strategy Research”. In WHITTINGTON, R.; PETTIGREW, A.; THOMAS, R. (eds.). The Handbook of Strategy and Management. Londres: Sage, 2002, pp. 475-88.

Downloads

Publicado

2018-05-16

Como Citar

Wanderley, S., & Faria, A. (2018). Descolonizando a gestão estratégica: o (des)encontro Alfred Chandler-Celso Furtado. Cadernos Do Desenvolvimento, 7(11), 129–143. Recuperado de https://cadernosdodesenvolvimento.org.br/cdes/article/view/191